Editorial

Enfim, a transição

Jair Messias Bolsonaro (PL) demorou quase 48 horas para se manifestar após a derrota nas urnas, no dia 30 de outubro. Foi um rápido pronunciamento, sem qualquer tipo de menção ao seu rival - e presidente eleito com mais de 60 milhões de votos - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -, mas com agradecimentos aos 58 milhões de brasileiros que votaram nele e com críticas às manifestações que bloquearam mais de 600 rodovias em todo o Brasil - algo que voltou a fazer, de forma mais explícita, na quarta-feira. Por fim, acabou reconhecendo o revés no pleito e afirmou, enfim, que seguirá "cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição".

Como o que ele falou é o mínimo que se espera de um líder que se autoproclama democrático, a informação mais importante da tarde da última terça-feira, no Palácio da Alvorada, em Brasília, foi dita logo na sequência. Assim que Bolsonaro terminou seu discurso de dois minutos, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se dirigiu ao púlpito e, diante dos jornalistas, anunciou que recebeu do próprio presidente da República o sinal verde para iniciar a transição de governo. Será dele a missão de passar os dados da administração de Jair Bolsonaro.

Segundo a lei 10.609/2002 e no Decreto 7.221/2010, "os membros da equipe de transição terão acesso às informações relativas às contas públicas, aos programas e aos projetos do governo federal". Ainda conforme a lei, os membros do atual governo "ficam obrigados a fornecer as informações solicitadas pelo Coordenador da equipe de transição".

Caberá a Geraldo Alckimin (PSD), vice-presidente da chapa de Lula, comandar a equipe de 50 nomes que terá a missão de dialogar com a administração de Jair Bolsonaro. De acordo com a cúpula do Partido dos Trabalhadores, este grupo será formado com base em questões técnicas e, obviamente, política. Entre eles devem estar nomes conhecidos como Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Aloizio Mercadante, principal responsável pela elaboração do plano de governo da campanha do candidato petista.

Essa cordialidade entre o governo que termina e aquele que se inicia, na verdade, nem deveria ganhar tanto destaque. Obviamente que a transição nacional não é tão simples quando a do Rio Grande do Sul, onde ela ocorrerá dentro do mesmo partido e até da mesma administração - uma vez que Ranolfo Vieira Júnior foi vice-governador de Eduardo Leite por mais de três anos. Mas devido à intensa polarização entre as duas campanhas e ao clima bélico criado no Brasil durante todo este processo eleitoral, um simples ato de civilidade precisa, sim, ser encarado com um tom de alívio.


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